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O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER???


Como escolher o curso superior ideal


Por Aline Gonçalves, da Tempestade Comunicação


A intensa proliferação de cursos de ensino superior e profissionalizantes, sustentada pelos incentivos que têm levado cada vez mais jovens à busca de um diploma para o mercado de trabalho, não tem facilitado a escolha tanto da carreira ideal quanto do curso adequado.
O número de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos matriculados em cursos superiores dobrou nos últimos dez anos. Segundo recentes dados da Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano passado, 13,9% da população nessa faixa etária estava matriculada em uma faculdade, contra 6,9% em 1998. Boa parte dessas matrículas ocorre em virtude de projetos que facilitam o acesso à faculdade, como o ProUni (Programa Universidade para Todos), do governo federal, e sistemas de financiamento, como o Fies, também gerido pelo poder público.
Em consequência da facilidade de acesso dos jovens ao ensino superior, aumentou também a diversidade de cursos ofertados. Como escolher qual vestibular prestar entre mais de 200 opções? Segundo a consultora Ana Paula Döring, da Ana Paula Döring Desenvolvimento Profissional, essa avalanche de alternativas pode dar um verdadeiro nó na cabeça dos jovens, que não sabem por onde começar a escolha, gerando angústia, medo e ansiedade.
"Além de buscar informações sobre o que cursar, é preciso diálogo franco e aberto sobre seus sonhos e a realidade do mercado com pessoas de confiança, como família, professores, amigos e bons profissionais de apoio", indica Ana Paula.
Ruth Bandeira, diretora da De Bernt Entschev, empresa de consultoria em recursos humanos de Curitiba, acredita que muitas pessoas, de todas as idades, têm dificuldade em identificar qual carreira seguir. "O mais importante é escolher uma profissão com se tenha afinidade", diz.
Além da variedade de carreiras, há a dificuldade de se escolher o formato da faculdade. Entre as graduações, existem licenciaturas, bacharelados e ainda os cursos de tecnologia, mais focados, detalhistas e que visam o mercado em curto prazo. "Os bacharelados desenvolvem uma visão mais ampla e preparam para a gestão", explica Ruth. A consultora da De Bernt alerta que as oportunidades para os tecnólogos ainda são restritas, mas estão em crescimento. No caso de áreas voltadas à tecnologia da informação, os profissionais já são muito bem aceitos pelo mercado.
Outra diferença é que nos cursos de tecnologia há mais aulas práticas, enquanto no formato tradicional de graduação a carga teórica é maior, especialmente nas áreas de ciências humanas.


Modismos profissionais


A percepção do mercado de trabalho também pode influenciar na escolha da carreira e da trajetória profissional. Os cursos da moda, normalmente relacionados às tendências imediatas de mercado, conquistam muitos dos indecisos. A gerente de atendimento da Catho, empresa de recolocação profissional, Camila Mariano, afirma que o interesse pela área de atuação deve ser analisado com carinho, mas ressalta ela a necessidade de o candidato estar atento à realidade das vagas de empregos.
As áreas de tecnologia da informação e comunicação, agronegócio, educação, administração e entretenimento são algumas das apontadas como mais promissoras hoje em dia. Mas fique de olho também nas profissões que dão acesso aos chamados empregos verdes, aqueles relacionados às novas tecnologias ambientais, à educação para preservação da natureza e ao consumo consciente, enfim, trabalhos ligados à sustentabilidade.
"Também não podemos deixar de destacar a possível ampliação na área de engenharia de petróleo, onde há poucos profissionais especializados e um aumento de oportunidades em vista com [a descoberta das reservas óleo na camada] pré-sal", afirma.
Na opinião de Camila, o setor de educação está entre os que mais geram postos de trabalho, tendo como indicador especial o aumento de oportunidades para professores universitários - é uma via de mão dupla, pois, se a cada dia cresce o número de instituições de ensino superior, por consequência sobe o número de vagas no setor.
Ela ainda aponta o aumento de oportunidades para os formados nos cursos de tecnologia em gestão de pessoas e gestão ambiental. Porém, faz um alerta àqueles que optam por outras novidades, como design de games. "O mercado é restrito e o estudante deve procurar estágios para ganhar experiência o quanto antes."



Graduação em dose dupla


Até para quem já tem diploma, a escolha de um segundo curso pode ser difícil. As pessoas que pretendem mudar de carreira ou ampliar o leque de oportunidades devem procurar aproveitar o conhecimento e as experiências anteriores na nova carreira. É o que faz a jornalista Beatrice Gonçalves, que buscou uma nova graduação em ciências sociais na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
"Procurei a segunda faculdade porque sempre gostei de política e vi que o curso de Ciências Sociais poderia me dar os embasamentos teóricos necessários para trabalhar com política no jornalismo", explica Beatrice. Mas ela ressalta a dificuldade em conciliar os estudos com a rotina de trabalho. "Não consigo fazer muitas disciplinas por semestre e acabo sempre atrasando a minha formatura."
Amanda Tortelli Bavaresco, estudante de 20 anos, é outra que aposta na dupla graduação. Ela termina este ano o curso de Tecnologia em Comunicação Institucional pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e, ao mesmo tempo, se prepara para prestar um novo vestibular em Direito. A intenção é agregar conhecimentos e ampliar oportunidades. "Ter duas graduações valoriza o currículo e abre portas em mais frentes de atuação", acredita.
Vale usar todas as ferramentas disponíveis para acertar na escolha, sem esquecer que cada profissional empreende a própria carreira no decorrer da vida. Seguindo as novas tendências em gestão e desenvolvimento de pessoas, muitas empresas dão às habilidades pessoais o mesmo peso da formação intelectual. Assim, a escolha da área de graduação não é mais, necessariamente, uma decisão estática para toda a vida, o que pode ajudar a encarar a decisão com mais naturalidade e espontaneidade.



Qualidade de ensino


Depois de decidida a carreira, é necessário escolher onde prestar o vestibular. Uma forma de se orientar é consultar as avaliações do MEC (Ministério da Educação), como o IGC (Índice Geral de Cursos da Instituição), que analisa a qualidade dos cursos de graduação e pós-graduação.
As instituições são classificadas em faixas que vão de um a cinco. Em 2008, foram avaliadas aproximadamente 2 mil instituições de ensino superior e somente 21 conquistaram a nota máxima. Entre elas estão a Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas), do Rio de Janeiro, o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), de São José dos Campos, a Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), a Ebef (Escola Brasileira de Economia e Finanças), do Rio de Janeiro, e a FGV (Escola de Administração de Empresas), de São Paulo. Para consultar a lista completa acesse: http://www.inep.gov.br/areaigc.

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